Prêmio Fairtrade estimula a melhoria da qualidade do café e estrutura organizações brasileiras – Golden Cup Brasil 2021

 

A artista plástica e ex-esposa do cantor John Lennon, Yoko Ono, escreveu: “um sonho sonhado sozinho é um sonho. Um sonho sonhado junto é realidade”. Essa frase retrata a realidade de cafeicultores brasileiros que fazem parte de associações e cooperativas Fairtrade.

Muitos sonhos que não passavam de sonhos individuais, tornaram-se realidade com a união de produtores e produtoras em organizações que trabalham ações coletivas. Mas, para que tantos sonhos se tornassem realidade, o apoio do prêmio Fairtrade e do preço mínimo foram fundamentais para a estruturação dessas organizações, que assim conseguiram realizar inúmeros projetos que beneficiam milhares de famílias produtoras de café no Brasil.

Um bom exemplo é a Associação dos Cafeicultores de Montanha de Divinolândia (APROD), que fica em Divinolândia, São Paulo, e foi criada com o intuito de melhorar a qualidade de vida dos cafeicultores diante de um cenário desafiador para o setor. O diretor de Certificação e Sustentabilidade da associação, Francisco Sérgio Lange, conta como ocorreu a evolução da entidade, principalmente após a certificação Fairtrade.

“No ano de 2000, o município entra em um processo rural complicado e começamos a conversar sobre a atividade agrícola, exercida em sua quase totalidade por pequenos produtores e produtoras. Em 2002, o café passou por uma das piores crises da história e passamos a conversar sobre a criação de uma associação, o que ocorreu em 2005. Em 2007, tivemos o primeiro contato com o Fairtrade, e conquistamos a certificação, em 2012, quando começa a ser escrita uma nova história da APROD. Sem o Fairtrade, não estaríamos aqui, com certeza”, garante.

Ele explica que atualmente a associação possui uma excelente estrutura de beneficiamento do café, além de oferecer todo o apoio necessário para a produção de cafés especiais. “Através do prêmio do Comércio Justo começamos a sonhar mais alto e, por meio desse prêmio, conseguimos participar de um programa estadual, que nos proporcionou a conquista de toda a nossa estrutura, que é focada em produção de microlotes. Temos todo um processo de acompanhamento desde o plantio até a colheita, até chegar ao processo de beneficiamento”, informou.

História parecida é contada pelos dirigentes da Cooperativa Prata da Cuesta Sustentável (COOPERCUESTA), com sede em São Manuel, São Paulo. Fundador e atual presidente da instituição, Luiz Carlos Bassetto, o Japão, lembra a história da cooperativa, criada por ele e por outros 12 cafeicultores locais, inicialmente como associação. Em 2008 a associação foi certificada Fairtrade e, no ano seguinte, foi transformada em cooperativa. Em 2010,foram vendidas as primeiras sacas de café certificadas.

“Só tivemos a coragem de apresentar propostas de compra de todos os nossos equipamentos à Secretaria de Agricultura de São Paulo e ao Banco Mundial, porque tínhamos a garantia de receber o prêmio pela venda do café Fairtrade. As pessoas que compram o nosso café em várias partes do mundo ajudam a criar essa realidade. A gente aposta em produzir um café de qualidade, que teremos compradores, e com a certeza de que no dia do vencimento de nossas obrigações, o dinheiro vai estar na conta”, relata Bassetto.

Com a ajuda do prêmio Fairtrade, a COOPERCUESTA adquiriu uma colheitadeira e uma recolhedora de café, carretas de transporte, equipamentos para lavagem, descascamento e beneficiamento dos grãos, além de uma estrutura para torrar e embalar o café produzido pelos cooperados. Japão destaca que todos os projetos foram voltados à redução de custos e à agregação de valor.

RÁPIDA EVOLUÇÃO – Localizada em Poço Fundo, Minas Gerais, a Cooperativa dos Pequenos Cafeicultores de Poço Fundo e Região (COOCAMINAS), evoluiu após o apoio do prêmio Fairtrade. O presidente da organização, Juares Carlos Pereira, informou que em 2021 a cooperativa completou 15 anos e o orgulho de todos os associados é a construção do amplo armazém e da sede, que conta com setor administrativo, comercial, de classificação dos cafés e com um laboratório de análise de qualidade dos grãos.

E as conquistas não param, pois uma grande área está sendo preparada para a futura obra que abrigará equipamentos de rebeneficiamento dos cafés. “Uma das nossas grandes conquistas foi quando começamos a participar de concursos Fairtrade no Brasil, e passamos a conhecer o potencial dos nossos cafés. Então vimos que tínhamos capacidade de agregar valor e apareceram muitos compradores internacionais. Achávamos que iria demorar muito para chegar onde estamos hoje, mas conquistamos tudo isso mais rápido por meio do Fairtrade”, afirmou.

Quem também fala com entusiasmo sobre o Fairtrade é Mauricio Alves Hervaz, presidente da Cooperativa dos Produtores do Alto da Serra (APASCOFFEE), localizada em São Gonçalo do Sapucaí, Minas Gerais. Toda a estrutura da entidade – que passou de associação para cooperativa – foi montada por meio do prêmio Fairtrade. Hoje a organização já está exportando seus cafés de qualidade.

“Iniciamos como associação, com 24 produtores, com o objetivo de unir forças e comprar insumos mais baratos. A mudança da APASCOFFEE foi em 2013, quando ela foi certificada Fairtrade. A certificação trouxe o conhecimento, pois não conhecíamos nossos cafés. Precisamos conhecer todos os processos para produzir um café de qualidade. O preço mínimo garantido pelo Fairtrade incentiva o produtor a melhorar cada vez mais”, garante.

Segundo Mauricio, quando o primeiro produtor foi finalista no concurso nacional de qualidade, outros cafeicultores foram estimulados a produzirem cafés cada vez melhores. “Em 2019, começamos exportar diretamente nossos cafés, e não imaginávamos isso anos antes. Hoje temos toda uma estrutura para avaliar a qualidade dos nossos cafés, e conquistamos isso por meio do prêmio Fairtrade”, reforça.

Fairtrade Award stimulates the improvement of coffee quality and the structure of Brazilian organizations

The artist and ex-wife of the singer John Lennon, Yoko Ono, wrote: “a dream dreamed alone is a dream. A dream dreamed together is reality.” This sentence shows the reality of Brazilian coffee growers who are part of Fairtrade associations and cooperatives.

Many dreams that were just individual dreams came true with the union of producers in organizations that promote collective actions. But for so many dreams to come true, the support of the Fairtrade Award and a minimum price standard were fundamental to the structuring of these organizations, which thus managed to realize numerous projects that benefit thousands of coffee-producing families in Brazil.

A good example is the Association of Coffee Growers of Divinolândia Mountain (APROD), which is located in Divinolândia, São Paulo, and it was created with the aim of improving the quality of life of coffee growers in the face of a challenging scenario for the sector. The director of Certification and Sustainability of the association, Francisco Sérgio Lange, tells how the evolution of the entity occurred, especially after the Fairtrade certification.

“In 2000, the cityhas had a complicated rural process and we began to focus on the agricultural activity, carried out almost entirely by small producers. In 2002, coffee went through one of the worst crises in history and we started talking about the creation of an association, which occurred in 2005. In 2007, we had the first contact with Fairtrade, and we won the certification in 2012, when a new history of APROD began to be written. Without Fairtrade, we wouldn’t be here for sure,” he said.

He explains that currently the association has an excellent structure for coffee processing, besides offering all the necessary support for the production of specialty coffees. “Through the Fairtrade Award we began to dream big and we were able to participate in a state program, which gave us the conquest of our all of our entire structure, which is focused on microlot production. We have a whole process of monitoring from planting to harvesting, until we reach the beneficiation process “, he said.

A similar story is told by the leaders of the Cooperativa Prata da Cuesta Sustentável (COOPERCUESTA), based in São Manuel, São Paulo. Founder and current president of the institution, Luiz Carlos Bassetto Japan, recalls the history of the cooperative, created by him and 12 other local coffee growers, at first, as an association. In 2008 the association was certified Fairtrade and, the following year, was transformed into a cooperative. In 2010, the first certified coffee bags were sold.

“We´ve only had the courage to present proposals to purchase all our equipment to the São Paulo Department of Agriculture and the World Bank, because we were guaranteed to receive the award for the sale of Fairtrade coffee. People who buy our coffee in various parts of the world help to create this reality. We´ve bet on producing a quality coffee, webet that we will have buyers, and we are sure that on the day of the expiration of our obligations, the money will be in the account”, reports Bassetto.

With the help of the Fairtrade Award, COOPERCUESTA acquired a combine and a coffee harvester, transport carts, equipment for washing, peeling and processing of the beans, as well as a structure to toast and pack the coffee produced by the cooperative members. Japan points out that all projects were focused on reducing costs and adding value.

RAPID EVOLUTION – Located in Poço Fundo, Minas Gerais, the Cooperative of Small Coffee Growers of Poço Fundo and Region (COOCAMINAS), evolved after the support of the Fairtrade Award. The president of the organization, Juares Carlos Pereira, said that in 2021 the cooperative completed 15 years and the pride of all members is the construction of the large warehouse and the office, which has administrative and commercial sectors, the classification of coffees and a laboratory for grain quality analysis.

And the achievements do not stop, because a large area is being prepared for the future work that will house coffee reprocessing equipment. “One of our great achievements was when we started participating in Fairtrade contests in Brazil, and we got to know the potential of our coffees. Then we figures out that we had the ability to add value and many international buyers appeared. We thought it would take a long time to get to where we are today, but we´ve achieved it quicker through Fairtrade,” he said.

Mauricio Alves Hervaz, president of the Alto da Serra Producers Cooperative (APASCOFFEE), located in São Gonçalo do Sapucaí, Minas Gerais, is also enthusiastically speaking about Fairtrade. The entire structure of the entity – which went from association to cooperative – was assembled through the Fairtrade Award. Today the organization is already exporting its quality coffees.

“We started as an association, with 24 producers, with the aim of joining forces and buying cheaper supplies. APASCOFFEE’s move was in 2013, when it was certified Fairtrade. The certification brought the knowledge, because we did not know our coffees. We need to know all the processes to produce a quality coffee. The minimum price guaranteed by Fairtrade encourages the producer to improve more and more”, he assures.

According to Mauricio, when the first producer was a finalist in the national quality competition, other coffee growers were encouraged to produce better and better coffees. “In 2019, we started exporting our coffees directly, and we couldn´t imagine it years before. Today we have a whole structure to evaluate the quality of our coffees, and we achieved this through the Fairtrade award”, he reinforces.