Cafés orgânicos brasileiros conquistam produtores e agradam consumidores
Brazilian organic coffees put a spell on producers and consumers
Produtores e produtoras rurais brasileiros (as) estão aderindo a um segmento que tem crescido muito rápido nos últimos anos: o mercado de orgânicos. Para se ter uma ideia, segundo levantamentos feitos pela Associação de Promoção dos Orgânicos (Organis), o setor de produtos agrícolas orgânicos cresceu 30% em 2020, e continua crescendo em 2021.
Os dados mostram que os alimentos orgânicos ainda têm muito espaço para se movimentarem e que a demanda continua alta, o que abre oportunidades de negócios. Os cafeicultores e cafeicultoras brasileiros (as) identificaram essa demanda e estão preparando cafés orgânicos sustentáveis de alta qualidade. “A gente vê que o mercado ganha corpo ano a ano, com aumento de produção e entrada de novos players neste movimento orgânico”, afirma o diretor da Organis, Cobi Cruz, destacando que este é um mercado que cresce de forma constante e consistente pelo menos nos últimos 16 anos em que a Organis acompanha o setor.
Muitas organizações de produtores de cafés Fairtrade estão comemorando esses resultados cada vez mais promissores. Um exemplo é a Cooperativa dos Agricultores Familiares de Poço Fundo e Região (COOPFAM), que fica na cidade de Poço Fundo, em Minas Gerais, e que é referência nacional em produção de cafés orgânicos. João Mateus Ferreira, técnico em pós-colheita da organização, explica um pouco da trajetória de 30 anos na produção de orgânicos.
“O caminho percorrido por quem vem trabalhando nesses 30 anos facilita a vida de quem chega hoje nesse mercado. Há muitos desafios para produzir cafés orgânicos, e conseguir produtos de qualidade exige ainda outros desafios. Hoje vemos, baseados em nossos concursos, que quem está na produção orgânica consegue resultados melhores na qualidade. É um produtor que tem mais atenção aos detalhes, cuida melhor da lavoura, tem mais amor àquele pedaço de chão. No último concurso de qualidade da cooperativa, os 10 melhores cafés eram orgânicos”, revelou.
A cafeicultora Maria Aparecida de Paiva Borges, 67 anos, que tem toda a sua lavoura no sistema orgânico, foi a campeã na categoria “Café Feminino”. “A mudança do convencional para o orgânico foi difícil, porque a produção cai e, no início não tínhamos a técnica. Como não usávamos agrotóxicos e como sempre gostamos de preservar a natureza, passamos para o orgânico com maior facilidade. Assim fazemos um produto que é bom para a saúde da gente e de quem consome. O valor pago é maior que o pago ao convencional”, contou.
MUDANDO CONCEITOS – Outra organização que se destaca na produção orgânica é a Cooperativa dos Produtores de Café Especial de Boa Esperança (DOS COSTAS), com sede em Boa Esperança, município que fica na região Sul de Minas e que é uma “Cidade pelo Comércio Justo”. O presidente da cooperativa, Eliezer Reis Jorge, conta a evolução do café orgânico produzido pelos cooperados.
“A associação, que hoje é uma cooperativa, começou com o intuito de produzir um café 100% sustentável e 100% Fairtraide. Essa nossa história de 13 anos devemos ao Fairtrade, que foi quem nos inseriu nesse mundo de cafés especiais. Em 2015 eu trouxe a ideia de produzir cafés orgânicos, vendo que há um mercado mundial muito grande. A cooperativa começou com 16 hectares e hoje temos 350 hectares cultivados no sistema orgânico. A nossa missão é nos tornar não só sustentável, mas orgânico”, garantiu.
Um dos produtores que se orgulha de produzir café orgânico é Carlos Roberto Piva, 60. “Em 2015 começamos a implantar o café orgânico. Hoje a metade da minha lavoura é orgânica. Nesse sistema não agredimos o meio ambiente, estamos conscientes que não estamos contaminando a nós mesmos e aos consumidores e a rentabilidade é melhor. Tudo deve ser bem planejado, porque o resultado não vem de um dia para o outro, mas garanto que é viável e o futuro é muito promissor”, acredita.
CONCIÊNCIA AMBIENTAL – No município de Manhuaçu, nas Matas de Minas, em Minas Gerais, fica a Cooperativa Regional Indústria e Comercio de Produtos Agrícolas do Povo que Luta (COORPOL), que tem conquistado bons resultados na produção orgânica. O cooperado Ercilei José de Oliveira, 39, reservou a melhor parte do seu terreno para cultivar café orgânico.
“Sempre buscamos preservar, tendo cuidado com o lixo, preservando as nascentes e cuidando para que elas cresçam. Não adianta apenas colher o café, mas temos que fazer a nossa parte. A joia rara da propriedade eu cultivo na parte mais alta, com mais de mil metros de altitude. É lá que produzo o café orgânico, que já nos rendeu prêmios. Sempre tive o sonho de produzir nesse sistema, e pela cooperativa, estamos conseguindo um certificado em grupo. Agora, estou vendo meu sonho se tornando realidade”, relatou.
INCENTIVO – Na região de Mantiqueira de Minas, mais precisamente em São Gonçalo do Sapucaí, fica a Cooperativa dos Produtores do Alto da Serra (APASCOFFEE). O presidente da cooperativa, Mauricio Alves Hervaz, contou que os cafés da região têm uma acidez presente e sabores florais. Essas características aliadas a grãos orgânicos são os diferenciais da produção local.
“O Fairtrade está custeando um projeto de produção de cafés orgânicos. Começamos com poucos produtores e estamos animados. É um mercado que cresce muito, e estamos descobrindo que não é nenhum bicho de sete cabeças. Por meio do prêmio Fairtrade, estamos nos qualificando para essa produção, e queremos atingir o mercado externo com nossos produtos isentos de qualquer agrotóxico”, garantiu.
Brazilian organic coffees put a spell on producers and consumers
Brazilian rural producers are joining in a segment that has grown very fast recently: the organic market. To sum up, according to surveys carried out by the Association for the Promotion of Organic Products (Organis), the section of organic agricultural products increased 30% in 2020, and it keeps on the same track in 2021.
Statistics show that organic food still has plenty lot of room to grow and the number of customers remains high, which opens up business opportunities. Brazilian coffee growers have identified this demand and they are preparing high quality sustainable organic coffees. “We understand that the market has been increasing year after year, regard to production and the interest of new players in this organic movement”, says the director of Organis, Cobi Cruz, who pointed out that this market has been increasing steadily and consistently at least in the last 16 years that Organis has followed the segment.
Many Fairtrade coffee producer organizations are celebrating these increasingly promising results. One example is Poço Fundo and Region Family Farmers Cooperative (COOPFAM), located in the city of Poço Fundo, in Minas Gerais, which is a national reference in the production of organic coffee. João Mateus Ferreira, the organization’s post-harvest technician, explains a little about the 30-year trajectory of organic production.
“The path taken by those who have been working in these 30 years makes life easier for the ones who began in this business nowadays. There are many challenges to producing organic coffees, and achieving quality products demands other challenges as well. Nowadays, we comprehend, based on our contests, that those who are in organic production get better results in terms of quality. It is a producer who pays closer attention to detail, takes better care of the crop, and has got more love for that piece of land. In the last quality contest of the cooperative, the 10 best coffees were organic”, he revealed.
The Coffee grower Maria Aparecida de Paiva Borges, 67 years old, who runs all her crops in the organic system, was the champion in the “Women’s Coffee” category. “The change from conventional to organic was difficult, because production goes down and, in the very beginning, we didn’t have the technique. As long as we didn’t use pesticides and since we´ve Always been for the nature preservation, we switched to organic succesfully. So we make a product that is good for the health of people and those who consume it. The amount paid is more than that paid to the regular one”, he said.
CHANGING CONCEPTS – Another organization that stands out in organic production is the Cooperative of Special Coffee Producers of Boa Esperança (DOS COSTAS), headquartered in Boa Esperança, a city in the southern region of Minas Gerais, which is a “Fair Trade City”. The president of the cooperative, Eliezer Reis Jorge, talks about the evolution of organic coffee produced by the cooperative members.
“The association, which nowadays is a cooperative, started with the goal of producing 100% sustainable and 100% Fairtraide coffee. We owe this 13-year history to Fairtrade, who led us to this world of specialty coffees. In 2015 I brought up the idea of producing organic coffees, by observing that there was a very large world market. The cooperative started with 16 hectares and nowadays there are 350 hectares gardened in the organic system. Our target is to become not only sustainable, but organic”, he guaranteed.
One of the producers who are proud of himself to produce organic coffee is Carlos Roberto Piva, 60. “In 2015 we started to implement organic coffee. Today half of my crop is organic. In this system, we do not harm the environment, we are aware that we are not contaminating ourselves and consumers, and profitability is better. Everything must be well planned, because the result does not come overnight, but I guarantee that it is viable and the future is very promising”, he believes.
ENVIRONMENTAL AWARENESS – In the city of Manhuaçu, in Matas de Minas, Minas Gerais, where the Regional Cooperative Industry and Trade of Agricultural Products of the People who Fight (COORPOL) is, has achieved good results in organic production. The member Ercilei José de Oliveira, 39, saved the best part of his land to grow organic coffee.
“We´ve always looked for to preserve, being careful with garbage, preserving springs and making sure they´ll grow up. It’s not enough to just pick up the coffee, but we must to do our part. The masterpiece of the property is grown in the highest part, with more than a thousand meters tall. It is over there that I produce organic coffee, which has already given us awards. I´ve always had the dream of producing in this system, and through the cooperative, we are getting a group certificate. Now, I see my dream coming true”, he reported.
INCENTIVE – In the region of Mantiqueira de Minas, specifically speaking in São Gonçalo do Sapucaí, where the Alto da Serra Producers Cooperative (APASCOFFEE) is. The president of the cooperative, Mauricio Alves Hervaz, said that the coffees in the region have acidity and floral flavors. These characteristics, combined with organic grains, are the main points of the local production.
“Fairtrade is sponsoring an organic coffee production project. We started with a few producers and we are excited about it. This market that is increasing a lot, and we are figuring out that it is not a boogeyman. Through the Fairtrade award, we are getting skills for this production, and we want to reach the foreign market with our products by using no pesticides”, he guaranteed.