Comércio Justo apresenta produtos certificados aos consumidores brasileiros
Quem visitou a Semana Internacional do Café (SIC), realizada na última semana em Belo Horizonte (MG), com certeza se deparou com alguém vestindo uma camisa com a seguinte frase em destaque: O Futuro é Justo! Ou então, foi atraído pelo stand Fairtrade por apresentar uma decoração com a réplica de uma grande árvore e com fotos de produtores e produtoras de café.
Segundo o diretor de planejamento da Café Editora e um dos organizadores da SIC, Caio Alonso Fontes, foram mais de 20 mil visitas na feira nos três dias de programação. Foram pessoas de todos os estados brasileiros e de pelo menos outros 40 países, o que gerou um movimento de negócios que supera R$ 55 milhões. Mais de 150 marcas do Brasil e de outros 10 estiveram expondo seus produtos.
E foi para esse público que a Coordenadora Latino-americana e do Caribe de Pequenos(as) Produtores(as) e Trabalhadores(as) de Comércio Justo (CLAC) e a Associação das Organizações de Produtores Fairtrade do Brasil (BRFAIR) escolheram promoveram diversas ações, como a apresentação da marca Fairtrade, que a partir do próximo ano estará estampada em diversos produtos em mercados brasileiros.
As milhares de pessoas que passaram pelo stand do Comércio Justo puderam degustar cafés certificados e premiados, conhecer produtos Fairtrade de diversos países da América Latina, conversar com produtores e produtoras que produzem seus cafés com amor e dedicação, e ainda provar uma bebida preparada com suco de laranja e café.
A cafeicultura Valnete de Lima Melo, cooperada da Cooperativa Agropecuária dos Produtores Orgânicos de Nova Resende e Região (COOPERVITAE), de Nova Rezende (MG), afirmou que a participação na SIC serviu para ampliar os seus conhecimentos. “As mulheres estão cada vez mais integradas na cafeicultura e sempre buscam inovações. Participamos de palestras para as mulheres na SIC e o stand nos representou muito bem”, comentou a produtora.
O jovem Marcos Paulo Lima, da Cooperativa dos Agricultores Familiares de Poço Fundo e Região (COOPFAM), que fica na cidade de Poço Fundo (MG), disse que percebeu muita dedicação de todos que atuaram na SIC para passar a mensagem do que é o Fairtrade. “A CLAC e a BRFAIR me mostraram uma visão do que está por trás do Comércio Justo”, garantiu.
GUIA DO CAFÉ – O stand Fairtrade na SIC ainda foi palco do lançamento da 4ª edição do Guia do Café, em português, que é o mais abrangente e prático material do mundo voltado ao comércio internacional de café. Desenvolvido pelo International Trade Center (ITC), por meio de sua iniciativa Alliances for Action, o guia teve a colaboração de mais de 70 especialistas e organizações do setor cafeeiro de todo o mundo, e contém informações da semente à xícara, traçando um caminho para um futuro mais sustentável para a indústria. A versão em português estará, em breve, disponível para download em: www.intracen.org.
MERCADO INTERNO – O Brasil foi escolhido, entre os países da América Latina, para ser o pioneiro na estruturação no mercado interno para a comercialização de produtos Fairtrade, no projeto chamado Sul-Sul. João Mattos, diretor comercial da CLAC, contou o que vai mudar no Brasil, a partir do próximo ano, quando os consumidores encontrarão diversos produtos Fairtrade nos supermercados.
Além do café e do suco de laranja, diversos outros produtos com a certificação Fairtrade serão vendidos no Brasil. “O consumidor terá certeza que estará consumindo um produto mais justo, já que o produtor tem a garantia de receber um valor acima do custo de produção, além respeitar o meio ambiente. Ainda temos o lado social, porque parte do valor é revertido em diversas ações voltadas aos associados ou cooperados e também para as comunidades”, contou.
O secretário executivo da BRFAIR, Bruno Aguiar, comentou que o stand Fairtrade superou os objetivos esperados. “Estar na SIC é mostrar o Comércio Justo para o público brasileiro. Isso é uma ferramenta de promoção e desenvolvimento local, uma vez que vamos encurtar uma cadeia de consumo e fomentar novos mercados no Brasil”, enfatizou.
Bruno ainda lembrou que a campanha que será lançada no próximo ano visa mostrar o significado do Comércio Justo. “É justo porque se paga um preço que cubra o custo de produção, é justo porque se desenvolve ações sociais, ambientais e econômicas e é justo porque se respeita as pessoas e os direitos humanos”, informou.
A diretora executiva da CLAC, Xiomara Paredes, explicou que o Comércio Justo é um modelo alternativo de comércio, com foco nas pessoas e que promove o desenvolvimento sustentável, baseado nos pilares social, econômico e ambiental. Atualmente são quase 60 organizações certificadas Fairtrade no Brasil.
“Estamos muito felizes em apresentar a marca Fairtrade no Brasil durante a Semana Internacional do Café. Temos a convicção de que Fairtrade é mais que uma certificação e uma marca, é um modelo de comércio e uma ferramenta de combate à pobreza, bem como uma ferramenta de desenvolvimento que busca tornar a produção agrícola sustentável. Procuramos ter café, vinho, açúcar, mel, banana, quinoa, fruta fresca, sucos naturais não só da mais alta qualidade, mas também com sabor justo”, destacou.
Quem também comemorou o lançamento da campanha de comercialização interna dos produtos Fairtrade foi coordenador de mercados locais para a América Latina da CLAC, Carlos Zuastegui. “Hoje as pessoas compram produtos de forma mais consciente, buscam cuidar do meio ambiente afetado pelas mudanças climáticas sem precedentes, preocupam-se com a inclusão do gênero em todos os processos em busca de uma melhor qualidade de vida para todos, em busca de um desenvolvimento social e econômico sustentável. É isso que representa o Fairtrade”, garantiu.
Segundo ele, o Fairtrade é a solução para o desenvolvimento sustentável a nível global e local, onde todos os envolvidos primam pela qualidade e sustentabilidade. “A frase ‘O Futuro é Justo’, mostra a visão do nosso esforço para alcançar uma melhor qualidade de vida para todos”, disse.
A gestora de Mercado Local Brasil da CLAC, Marcia Manhães, frisou que ocorreu uma programação intensa no stand Fairtrade na SIC. “Pensamos tudo em cada detalhe, para marcar essa nova estratégia, a nível global, de acesso a mercados, aliada ao sonho de vários produtores(as), do sistema Fairtrade. Quem passou pela SIC, percebeu essa novidade no mercado brasileiro, que é a marca Fairtrade”, garantiu Marcia.
Ela ainda citou que diversas caravanas de pequenos produtores e produtoras foram ao evento, participaram da programação e permaneceram no stand do Comércio Justo. “Apresentamos uma prévia do ano do lançamento do Fairtrade no Brasil. Chegamos ao mercado interno embasados por um estudo de mercado, que respalda uma decisão global que confirma a indicação o Brasil como o primeiro país da América Latina e do Caribe a iniciar esta abertura de mercado”, reforçou.