Projeto Universidades pelo Comércio Justo: Alunos e professores da UFLA iniciam atividades de pesquisa e extensão em parceria com organizações de produtores de café certificadas, BRFAIR e CLAC
Com o objetivo de promover o estreitamento de relações entre as universidades e as Organizações de Pequenos Produtores certificados Fairtrade (OPPs); estimular ações de ensino, pesquisa e extensão com o foco no desenvolvimento coletivo desses produtores; e promover o Comércio Justo Fairtrade nos níveis nacional e internacional; o projeto Universidades Latino-americanas pelo Comércio Justo vem sendo fomentado pela Coordenadora Latino-americana e do Caribe de Pequenos (as) Produtores (as) e Trabalhadores (as) de Comércio Justo (CLAC) em diversos países da América Latina e Caribe desde 2015.
No Brasil, o projeto conta com o apoio da Associação das Organizações de Produtores Fairtrade do Brasil (BRFAIR), que em parceria com a CLAC, tem trabalhado ativamente para estabelecer e fortalecer as conexões entre as OPPs Fairtrade e as universidades. Nosso país é pioneiro nesta parceria, e a Universidade Federal de Lavras (UFLA) foi a primeira a ser reconhecida como Universidade pelo Comércio Justo, representada pelo Professor Dr. Luiz Gonzaga de Castro Júnior e pelo Professor Dr. Paulo Henrique Montagnana Vicente Leme. Na vanguarda da UFLA, a Universidade Federal de Viçosa (UFV), foi a segunda universidade a ser reconhecida como Universidade pelo Comércio Justo, sendo representada pelo Professor Dr. Layon Carlos Cezar.
O projeto UFLA pelo Comércio Justo é fruto da parceria UFLA, CLAC e BRFAIR, iniciada em 2016, e através do Acordo de Cooperação 016/2020 “Comércio Justo e Universidade – Ações de Extensão para Capacitação de Produtores e Incentivo ao Consumo e Desenvolvimento Local”, assinado entre BRFAIR e UFLA, é possibilitando o desenvolvimento de projetos e atividades de ensino, pesquisa e extensão. O acordo firmado em 2020, conta com importantes resultados para a universidade e para as OPPs Fairtrade.
Recentemente, professores e alunos, tem trabalhado em dois projetos inovadores. O primeiro projeto, denominado “O Produtor do Futuro: perfil tecnológico e construção de indicadores de adoção de tecnologias digitais para pequenos e médios produtores”, foi aprovado em uma chamada da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG). O projeto tem como objetivo principal desenvolver uma metodologia para avaliação de aptidão à adoção de tecnologias digitais por agricultores, de modo a orientar a elaboração de estratégias e políticas públicas para auxiliá-los na superação destas barreiras. Vale ressaltar, que tais produtores são membros de três cooperativas certificadas Fairtrade, no Sul de Minas Gerais.
A pesquisa busca avaliar os principais fatores que propiciam ou limitam a adoção de tecnologias digitais no campo, e identificar o perfil socioeconômico desses agricultores, e suas percepções e experiências relacionadas às tecnologias digitais. Com as informações compiladas, o grupo de pesquisadores pretende criar o índice “Produtor do Futuro”, cujo resultado indicará a aptidão de um agricultor para a adoção de tecnologias digitais.
Os pesquisadores pretendem ainda, contribuir para o desenvolvimento de soluções para os agricultores, e para o desenvolvimento de pesquisas científicas, disseminando assim, o impacto das ações do projeto no contexto do produtor rural. Espera-se contribuir para a superação das desigualdades no campo a partir de uma melhor difusão de tecnologias associadas à agricultura digital adotada por pequenos e médios produtores.
Não menos inovador, o segundo projeto está vinculado à tese de doutorado do aluno Gustavo Nunes Maciel, intitulada “Selo de certificação Fairtrade: um estudo sobre as infraestruturas de mercado na cafeicultura brasileira”, pesquisa que tem por objetivo compreender o processo de construção do mercado de café Fairtrade na região Sul do estado de Minas Gerais.
Gustavo e seus orientadores, pretendem identificar elementos históricos que tragam a função do selo de certificação Fairtrade e suas transformações, compreender os arranjos criados para esse mercado, e de um modo geral, evidenciar o potencial da cadeia de valor e comercialização de cafés Fairtrade. Certificação que tem como foco a alocação de recursos para o empoderamento dos produtores membros de cooperativas e associações certificadas, e o fomento a ações de impacto econômico social e ambiental.
O trabalho de campo teve início em abril de 2023, quando ocorreram as primeiras visitas nas três cooperativas certificadas Fairtrade, e contempladas pelo projeto FAPEMIG CSA APQ 02264/22.
Acompanhado pelo Secretário Executivo da BRFAIR, Bruno Aguiar, o doutorando do Programa de pós-graduação em Administração da Universidade Federal de Lavras (PPGA UFLA), e coordenador de projetos do Centro de Estudos em Mercado e Tecnologias do Agronegócio (Agritech UFLA), Gustavo Nunes Maciel, visitou a Cooperativa dos Produtores de Café Especial de Boa Esperança (DOS COSTAS), a Cooperativa Mista Agropecuária de Paraguaçu (COOMAP), e a Cooperativa dos Agricultores Familiares de Poço Fundo e Região Ltda (COOPFAM). Durante as visitas, o pesquisador conheceu as instalações e um pouco da história de cada uma das cooperativas, coletando dados, e entrevistando atores chave para a compreensão dos temas e desenvolvimento da pesquisa.
Bruno Aguiar destacou a importância dos projetos para as Organizações e para os Produtores Fairtrade do Brasil: “Os projetos são muito importantes, e particularmente tem seus diferenciais que devem evidenciar os impactos do Fairtrade para os produtores e suas comunidades. A pesquisa sobre o “Produtor do Futuro” visa demonstrar o nível tecnológico desses produtores, suas percepções sobre a adoção de novas tecnologias, demonstrado também a evolução do grupo após a certificação Fairtrade. Já a pesquisa de doutorado no campo do marketing e construção de mercados, deve demonstrar o impacto de um modelo de negócio que conta com o diferencial de uma certificação que trabalha para o empoderamento dos produtores membros de cooperativas e associações certificadas Fairtrade, estimulando que os próprios produtores, financiados pelo prêmio Fairtrade, desenvolvam ações e projetos de impacto econômico social e ambiental. É o impacto do Fairtrade sendo evidenciado e validado por meio da pesquisa acadêmica.”
O Coordenador do Agritech UFLA, e orientador dos projetos, Professor Dr. Paulo Henrique Montagnana Vicente Leme reforça o sobre o perfil inovador as iniciativas: “Os projetos desenvolvidos pelo Agritech UFLA, no âmbito do Acordo com de Cooperação com a BRFAIR tem como foco extensão e inovação. O Comércio Justo se demonstra uma importante ferramenta para promoção da gestão profissional, acesso ao mercado e digitalização. Estes são fatores preponderantes para a qualidade de vida no campo para esta e futuras gerações”.